sábado, 30 de janeiro de 2010

Pô, é zia!

É por ser mais poeta que gente que sou louco?

Fito-me frente a frente
E conheço quem sou.
Estou louco, é evidente,
Mas que louco é que est

É por ser mais poeta
Que gente que sou louco?
Ou é por ter completa
A noção de ser pouco?

Não sei, mas sinto morto
O ser vivo que tenho.
Nasci como um aborto,
Salvo a hora e o tamanho.


Fernando Pessoa
Poesias Inéditas (1930-1935)

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