Príncipe
Há um rapaz, no meu bairro, imensamente loiro. Mora quatro portas a cima da minha e é talvez da idade do meu irmão mais velho, o João. Eu fui crescendo e ele também. Sempre mais alto que qualquer outro rapaz aqui no bairro. Sempre o melhor a jogar futebol. Sempre de piada fácil e sorriso rasgado. Sempre, à medida que foi crescendo, com tempo para 2 ou 3 dedos de conversa. Sempre pronto a conhecer mais alguém, sempre disposto a ouvir um pensamento ou uma graça de miúdos.
De olhos castanhos. Chamei-lhe, quando cresci o suficiente para perceber, principezinho. Nunca lho disse. Tinha vergonha dos anos que nos separam e de todos os dotes que ele tem. Fui crescendo para ganhar coragem de o acompanhar até à escola e não três metros atrás. Fui-me tornando numa pequena mulher que queria ser princesa.
De mãos esguias e pequenas sendo belas demais para aqui descrever. Fui também eu tornando-me adepta de uma pequena conversa à esplanada do Júlio. Fui-me aproximando daquelas mãos, daqueles olhos, do cabelo imensamente loiro. Fui, aos poucos e poucos, percebendo que aquele Principezinho tinha muito mais no planeta dele que uma flor e três vulcões. Percebi que via muito mais que as ovelhas dentro da caixa e que percebia perfeitamente que uma cobra pudesse (talvez devesse!) comer um elefante.
Foi ele que me ensinou, das janelas dos seu palácio, a olhar as estrelas e esperar que algo de transcendente descesse. Foi este príncipe que aprendi a ser uma rosa. Tornou-me numa pequena princesa que queria ser mulher.
Kiara Minerva
Há um rapaz, no meu bairro, imensamente loiro. Mora quatro portas a cima da minha e é talvez da idade do meu irmão mais velho, o João. Eu fui crescendo e ele também. Sempre mais alto que qualquer outro rapaz aqui no bairro. Sempre o melhor a jogar futebol. Sempre de piada fácil e sorriso rasgado. Sempre, à medida que foi crescendo, com tempo para 2 ou 3 dedos de conversa. Sempre pronto a conhecer mais alguém, sempre disposto a ouvir um pensamento ou uma graça de miúdos.
De olhos castanhos. Chamei-lhe, quando cresci o suficiente para perceber, principezinho. Nunca lho disse. Tinha vergonha dos anos que nos separam e de todos os dotes que ele tem. Fui crescendo para ganhar coragem de o acompanhar até à escola e não três metros atrás. Fui-me tornando numa pequena mulher que queria ser princesa.
De mãos esguias e pequenas sendo belas demais para aqui descrever. Fui também eu tornando-me adepta de uma pequena conversa à esplanada do Júlio. Fui-me aproximando daquelas mãos, daqueles olhos, do cabelo imensamente loiro. Fui, aos poucos e poucos, percebendo que aquele Principezinho tinha muito mais no planeta dele que uma flor e três vulcões. Percebi que via muito mais que as ovelhas dentro da caixa e que percebia perfeitamente que uma cobra pudesse (talvez devesse!) comer um elefante.
Foi ele que me ensinou, das janelas dos seu palácio, a olhar as estrelas e esperar que algo de transcendente descesse. Foi este príncipe que aprendi a ser uma rosa. Tornou-me numa pequena princesa que queria ser mulher.
Kiara Minerva
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