Manias
Eu cá tenho uma mania. Adoro escrever à mão. Sejam trabalhos, seja apontamentos pessoais, pensamentos ou os contos que lêm todas as semanas. Tenho cadernos, blocos, post-its, bilhetes, recibos cheios de anotações nos cantos, no verso, nas margens. Escrevo a lápis. Gosto de ouvir o arranhar do carvão no papel. Gosto de saber que nada do que penso ou nenhuma das tarefas programadas para a semana são imutáveis. Tudo pode ser alterado, tudo pode ser apagado, riscado, mandado para o espaço e perder-se na órbita.
Todos nós temos manias. Conheço quem, ao beber o café, retire a espuma com a colher e a beba antes do café. Conheço, ainda na temática dos cafés, quem faça rodar o café para que nada se perca na chávena. Há quem ponha açúcar, há quem não ponha. Há ainda aqueles que o põem aos poucos e vão provando até estar do seu agrado.
Há quem goste de ler sentado, há quem goste deitado. Há quem se consiga alhear bem do barulho e leia no café, e goste. Há quem prefira o silêncio grotesco da biblioteca onde o som do carvão no papel parece um terramoto.
Há quem não seja capaz de não trautear a música que está a ouvir. Há quem tenha a mania de roer as unhas. Há quem tenha a panca de verificar sempre se o carro ficou bem fechado. Há quem teime que o tomate não fica bem com alface. Há quem tome sempre o mesmo pequeno-almoço: duas torradas e leite com açúcar. Há quem tenha a mania de falar com os bebés de maneira estranha. Há quem tenha a mania de fumar. Há quem não consiga evitar a mania de olhar para uma pessoa que acabou de conhecer. Há quem tenha a mania de beijar toda a gente ao chegar. Há quem tenha a maia que isso é parvo. Há quem tenha a mania de não conseguir sair de casa sem ver o e-mail. Há quem tenha a mania de que os outros é que estão sempre mal. Há quem tenha a mania de que isto é uma perda de tempo. Há que ache que depois se vê. Há quem tenha a mania de não se calar.
Há tantas manias. Tantos pormenores. Que nos fazem únicos. Que nos fazem nós. Somos feitos de tiques, de trejeitos e jeitos. Nós somos as nossas manias.
Agora, vou passar isto a computador e ler clássicos russos. Pode ser que ganhe outra mania.
Kiara Minerva
Uma miuda, muito concentrada, tentava furar o olho de um canário com uma agulha. De repente,o irmao mais novo entra a correr na sala:
ResponderEliminar- Mana, aconteceu uma tragédia! A avó estava a fazer tricô na varanda e alguém foi contra a cadeira de rodas dela. Ela caiu pelas escadas e foi parar no meio da rua. Aí veio um camião enorme e passou por cima dela... não sobrou nada da velha!
- Fogo Joaozinho! Não me faças rir, senão eu erro o olho do canário!
MIRA